quinta-feira, 25 de julho de 2024

Os Alfenas de Senhora de Oliveira e Brás Pires — origem e espalhamento


                                               Por Lulu Alfenas, Rosália Huaira e Rosali Henriques


 

Rio Xopotó, perto da Graminha
na divisa Senhora de Oliveira com
Cipotânia. Foto de Carlos Tito
da Silva Alfenas

Somos eternos enquanto vivermos, mas certamente sentimos, num formal de partilha, quão pequenos somos e quão precária e efêmera é nossa eternidade. Simples assim, no futuro todos estaremos mortos e alguns sem deixar nada, sequer uma ideia. Somos candidatos a sermos substituídos, somos peças de reposição, e aí está a inteligência da natureza que se organizou para dar chance a muitos.  Nisso deveria residir a alegria de podermos partilhar com tantos a visão maravilhosa de tudo que nos circunda, desde o sorriso inocente de uma criança até o universo fervilhante de planetas, estrelas e galáxias. A beleza ao alcance de muitos tem o preço da extinção dos indivíduos.  Cabe a pergunta: poderia haver algo mais bem traçado?


Dedicado à memória dos MOREIRA ALFENA, os pais dos Alfenas de Guarapiranga Minas Gerais.


 Capítulo 1 - A origem da família Alfenas de Minas Gerais

Alfenas é um sobrenome do tipo toponímico[i] que deriva de uma freguesia chamada Alfena, localizada no Concelho de Valongo, norte de Portugal. Esta é a história da família Alfenas, que teve início em Portugal, mas que veio ter seus desdobramentos, no século XVIII, nos distritos da Oliveira e de Brás Pires, ambos pertencentes, naqueles dias, à Vila de Piranga (atual nome de Piranga). O nome de família vem de 1750 quando nasceu na antiga freguesia de São Vicente de Alfena, no norte de Portugal, Manoel Moreira Alfena[ii], filho de Manoel de Sá Pereira e de Antônia Josefa Rodrigues.  Naquele tempo, no novo mundo, fervilhavam as oportunidades, e nisso o Brasil ocupava papel importante pelos espaços ainda pouco explorados e facilidades na aquisição de terras por compra ou cessão do império pelas sesmarias[iii] que beneficiava a alta cúpula do exército português.  Em Portugal, tinha início um período de governo que iria terminar em 1777 e que teve como figura central o Marquês de Pombal, um déspota que combinava poder da monarquia com o racionalismo iluminista.  Como primeiro-ministro Pombal administrava por um rei, dom José I, pouco afeito às obrigações de governo, e por isso   tinha plenos poderes.  Pombal tornou-se detestado por alguns membros da família real e pelos católicos, porque com ideias iluministas, ele mirou os jesuítas que contestavam o poder do rei em detrimento do poder papal. A expulsão dos jesuítas ocorreu em 1759, assim não havia mais opositores ao monarca.  Ao afastar os jesuítas da evangelização e das catequeses dos índios, Pombal ampliou seus poderes sobre a colônia e implantou, sem muito sucesso, um novo modelo de educação.

Junta de Freguesia Alfena
Foto de Thiago Alfenas Fialho

Manoel não recebeu o sobrenome paterno, de Sá Pereira, mas o Moreira, em homenagem ao avô materno, o espanhol Manoel Moreira, “o velho”. Acreditamos que ele incorporou o toponímico  Alfena após a chegada ao Brasil. Não sabemos a data certa da chegada do primeiro Alfena a Minas Gerais e se veio com sua família ou sozinho. Sabemos que, em 18 de janeiro de 1779[iv], Manoel Moreira Alfena[v] casou-se, em Ouro Preto, com Maria Francisca Mendes, nascida na freguesia de Conceição de Vila Rica (atualmente Ouro Preto), filha de Manoel Francisco Mendes e Cipriana Monteiro de Souza.  É razoável pensar então que um casal inserido na realidade da época, na floração do iluminismo, poria os pés na realidade e buscaria resultados no trabalho com a terra deixando de lado a fé cega ao deus dará. Um casal assim buscaria a sobrevivência pelo esforço e pautaria sua vida no trabalho duro e nos resultados possíveis, jamais esperaria que forças outras e sorte lhes trouxessem o pão de cada dia e o caminho para a felicidade de seus filhos. E assim foi.

O casal Manoel Moreira Alfena e Maria Francisca Mendes criou raízes na região que atualmente é a cidade de Dores do Turvo[vi]. Como era de costume, naquele tempo, casava-se novo e com a intenção de tirar dos prazeres da carne a recomendação religiosa, “Gêneses 9:7. “Quanto a vós, sede fecundos, multiplicai-vos, povoai a terra e dominai-a”!, foi o que aconteceu. No inventário de Maria Francisca Mendes, cujo inventariante é o marido, em 1815[vii], aparecem listados quatros filhos: 1) Maximiano Moreira Alfena com 31 anos; 2) Silvério Gomes Alfena com 30 anos; 3) Emerenciana Moreira Alfena casada com o guarda-mor Manoel de Moraes Sarmento com 27 anos e 4) Francisco de Paula Alfena com 20 anos. Além desses quatro filhos, outros três nasceram entre os anos de 1780 e 1792, mas que devem ter falecido antes da mãe, pois não constam como herdeiros dela. São eles: Antonio, Clementina e Francisca. Sabemos que os filhos mais velhos nasceram em Ouro Preto, mas não sabemos o motivo da mudança da família para a região de Guarapiranga. Não sabemos também quando Manoel Moreira Alfena faleceu, pois não encontramos inventário na Casa Setencista de Mariana ou no fórum de Piranga.

Antes de nos debruçarmos sobre a descendência do Alferes Francisco de Paula Alfena[viii], que é o nosso foco de interesse, apresentaremos rapidamente os outros três filhos do casal Manoel Moreira Alfena e Maria Francisca Mendes. O filho Maximiano Moreira Alfenas casou-se cerca de 1804 com Ana Maria Dias, teve quatro filhos conhecidos. No censo de 1830/1831 aparecem dois filhos do casal em Dores do Turvo, mas no inventário de Ana Maria Dias, de 1852, constam três filhos: Camila, Maria Silvéria e Antônio[ix]. Emerenciana Moreira Alfena, nascida em maio de 1789 em Ouro Preto, casou-se em 27 de fevereiro de 1811 em São Caetano do Xopotó (atual Cipotânea) com o guarda-mor Manoel de Moraes Sarmento[x]. No censo de 1830/1831 em Astolfo Dutra consta nomes de oito filhos do casal: Vicente, Marciano, Joaquim, Carolina, Germana, Ana, Maria e Pedro.  O terceiro filho do casal Manoel Moreira Alfena e Maria Francisca Mendes, Silvério Gomes Alfena, casou-se por volta de 1820[xi] em Piranga com Rita Maria de Jesus. No censo de 1831, esse casal aparece em Ubá, no fogo 88 com os seguintes filhos: José, Ezequiel, Isaías, Joaquim e Francisco.

 Capítulo 2 - O Alferes Francisco de Paula Alfena e sua descendência

O filho mais novo do casal Manoel Moreira Alfena e Maria Francisca Mendes, o Alferes Francisco de Paula Alfena, nasceu em 07 de abril de 1791[xii] em Ouro Preto e faleceu, em 08 de dezembro de 1853 em Dores do Turvo. Casou-se cerca de 1821 com Umbelina Rosa de Jesus[xiii], filha do guarda-mor Manoel Monteiro e Joana Francisca de Paula e nascida em 12 de novembro de 1793 em Piranga. No censo de 1830/1831, vamos encontrá-los formando o que seria uma grande família em Brás Pires. O alferes tornou-se fazendeiro numa região bucólica, do lado leste do rio Xopotó[xiv], no distrito de Brás Pires. Do lado oeste do rio encontra-se o distrito da Oliveira e um pouco mais acima, nos limites do então distrito de São Caetano do Xopotó, também pertencente a Guarapiranga, córrego da Graminha, para onde migraram alguns de seus filhos. No censo aparecem cinco filhos do casal, mas no seu inventário, no fórum de Piranga, em 1910, são listados os seguintes:      

1)    Leonel Pacífico Alfenas Dornelas, solteiro com 31 anos

2)    Silvério Virgulino Alfenas[xv], solteiro, com 30 anos

3)    Francisco Albano Alfenas, solteiro, com 27 anos

4)    Zozimo Peregrino Alfenas, solteiro, 25 anos

5)    Hipólita Ludovina de Santa Clara casada com João Ribeiro Mendes

6)    Camila Rosa de Jesus, solteira, com 21 anos

7)    Elisiário Glória Alfenas, solteiro, com 19 anos

8)    Rosa Maria de Jesus, solteira, com 17 anos

9)    Maria Rosa de Jesus[xvi], solteira, com 15 anos

Consta um filho natural chamado Justiniano Moreira Alfena que no inventário não é citado na lista de herdeiros, mas o é nos documentos internos, que foi batizado pelo alferes e que afirma ser seu filho natural e com direito à herança[xvii]. Um Fortunato Moreira Alfena citado no censo de 1830/1831 no fogo da família, possivelmente é outro filho natural do Alferes Francisco de Paula Alfena que mudou-se para o estado do Rio de Janeiro residindo inicialmente em Cantagalo e posteriormente formando grande família em Conceição do Macabu[xviii]. 

 Os filhos do casal Francisco de Paula Alfena e Umbelina Rosa de Jesus não receberam o sobrenome Moreira e vão passar a assinar Alfenas no lugar de Alfena, como era originalmente. Somente a filha Hipólita aparece como casada no inventário do pai, mas os seguintes filhos casaram posteriormente: Leonel Pacífico Alfenas Dornelas com Rosa de Lima e Silva; Silvério Virgulino Alfenas com Maria de Paula Nogueira; Francisco Albano Alfenas com Maria Florinda do Carmo; Zozimo Peregrino Alfenas com Rita Francisca dos Reis; Camila Rosa de Jesus com Antônio Gonçalves Heleno, Elisiário Glória Alfenas com Thereza Tranquilina do Amor Divino, Rosa Maria de Jesus com Manoel José Monteiro e Maria Rosa de Jesus com Francisco de Paula Monteiro. Alguns filhos irão se espalhar para outras cidades, como Brás Pires, Ubá, Visconde do Rio Branco e Cipotânea.

 Capítulo 3 - Os descendentes de Elisiário Glória Alfenas

 No entanto, vamos nos debruçar sobre a descendência de Elisiário Glória Alfenas, que fixou residência no distrito de Oliveira, pertencente naquele período à Piranga e que atualmente é a cidade de Senhora de Oliveira. Elisiário Glória Alfenas nasceu em Brás Pires, em agosto de 1835, e foi batizado na capela de Nossa Senhora do Rosário daquele distrito de Piranga em 9 de agosto de 1835[xix] e faleceu em Senhora de Oliveira em 10 de abril de 1914. Não sabemos ao certo e nem em que local se casou, mas deve ter sido por volta do ano de 1863 em Brás Pires onde residia. Sua esposa, Thereza Tranquilina do Amor Divino ou Tereza Maria de Jesus[xx] que nasceu por volta de 1847[xxi] em Brás Pires e faleceu em 3 de dezembro de 1910 em Senhora de Oliveira. Ela era filha do tenente Romualdo Lopes da Cruz e de Ana Rita de Cássia e irmã de Maria Florinda do Carmo, casada com o irmão de Elisiário, Francisco Albano Alfena. Esse casal teve oito filhos que chegaram à vida adulta. Não sabemos se os mais velhos nasceram em Brás Pires ou Senhora de Oliveira, mas é certo que o filho Antonio, nascido em 9 de abril de 1869 nasceu em Senhora de Oliveira. Através do inventário de Thereza[xxii], falecida antes do marido, podemos desvendar um pouco sobre a família do casal Elisiário e Thereza.

 3. 1 Vida e morte de Thereza Tranquilina do Amor Divino.

Podemos supor que ela tivesse se casado com 16 ou 17 anos, pelo idos de 1863, pois casar nova era moda. Pode-se supor também que ela viveu bem com o marido até seus 25 anos, quando  o marido foi interditado, o que corrobora a tradição oral que lhe atribui problemas mentais[xxiii]. Ela com apenas 29 anos teve que tocar os negócios: cuidar das terras; tratar do gado e plantações; educar as crianças e, no início da interdição do marido, assumir as dívidas que ele fizera ao longo de negócios malfeitos.

O inventário é rico em informações sobre a família de Thereza, e alguns livros da época fornecem dados que subsidiam algumas inferências sobre seus costumes. Thereza, com este nome tão religioso, vivera, no distrito de Oliveira, município de Piranga, e ali morreu aos 63 anos, na fazenda de Santo Antônio da Graminha, em 3 de dezembro de 1910 no já citado lado oeste do Xopotó. Boa parte da população de Senhora de Oliveira vivia nessa região. Tudo que nos chega dela vem através de três fontes importantes, o inventário; o livro de vendas do Tenente Antônio Henriques Pereira  e o livro de escrituras do José Velloso do Carmo. A tradição oral destaca a figura de Elisiário, embora de maneira pejorativa e engraçada, mas pouco se refere à Thereza e sua participação na real construção da família. Elisiário deixou o nome e um estigma, Thereza o alicerce e a educação (todos os seus filhos homens eram alfabetizados, pois aparecem na lista de eleitores de 1895 de Senhora de Oliveira. Nota-se a ausência das filhas, isso porque  ainda não tinham o direito ao voto que só viria  em 1932..
Óbito de Eliziário


Thereza morreu quatro anos antes de seu marido, Elisiário Glória Alfena, contudo, desde 1869, conforme consta na documentação apresentada no inventário, Elisiário[xxiv] já fora interditado pelo juízo de Piranga com apenas 25 anos. O juízo entregou à Thereza a curatela do marido. A partir de então, coube a ela criação dos filhos[xxv] já nascidos e de outros que viriam, pode-se supor que Elisiário perdeu o juízo, mas não a libido.


Capítulo 4 - O inventário de Thereza Tranquilina do Amor Divino

Na lista de herdeiros no inventário de Thereza Tranquilina aparecem:

 

       Cabeça do casal: Elisiário Glória Alfena - Interditado  (com curador ad hoc [xxvi]  durante o processo)

      Filhos:

  1. Benjamim Glória Alfenas, casado.
  2. Maria do Carmo Glória, viúva
  3. Garcez Glória Alfenas, casado e inventariante
  4. Antônio Glória Alfenas, casado
  5. Romualdo Glória Alfenas, casado
  6. Silvério Glória Alfenas, casado
  7. Joaquim Glória Alfenas, viúvo (assinava como Joaquim Romualdo Alfena)
  8. Ana Glória Alfenas casada com Juscelino do Carmo Monteiro.

Em termos gerais, a “De Cujus” deixou uma casa de morada em condições precárias, mas com sessenta e sete alqueires de terra na Graminha. Interessante que, no avançar do processo de inventário, foi nomeado procurador de todos os herdeiros o Senhor Antenor Aristides de Magalhães, cujo filho, Aristides de Magalhaes anos depois iria se casar com Presciliana Alfenas, filha de Garcez Glória Alfena, o inventariante.

Resumo do espólio do inventário de Thereza:

Bens móveis                       

     25$000

Vinte e cinco mil réis)

Benfeitorias

1:700$000

Um conto e setecentos mil réis

Terras

4:692$000

Quatro contos e seiscentos e noventa e dois réis)

Total dos bens

6:475$500

Seis contos quatrocentos e setenta e cinco mil e quinhentos réis

Dívidas passivas

1:628$051

Um conto seiscentos e vinte oito mil e cinquenta e réis

Monte partível

4:847$724

Quatro contos oitocentos quarenta e sete  mil e setecentos e vinte e quatro réis

 Ordem dos pagamentos de acordo com o inventário

1º. Pagamento aos credores 1:628$051

2º. Pagamento ao viúvo         1:305$000

3º a 10º. Pagamento a cada herdeiro no valor 302$965

 

Observação: o pagamento faz referência aos bens móveis e as terras em termos gerais dando o valor e a medida correspondente no caso de terras.

A título de exemplo, seque cópia do original com as heranças para Benjamim e Maria do Carmo Glória, também conhecida por Maria Glória Alfenas (Página 196 do arquivo digitalizado).



 

4.1 Descendência de Elisiário Glória Alfenas e Thereza Tranquilina

1 - Benjamim Glória Alfenas nasceu por volta de 1865, em Senhora de Oliveira, e faleceu antes de 1923, em Senhora de Oliveira. Casou-se com Theresa Alves Cabral, nascida por volta de 1868 e falecida em 01 de maio de 1923, em Senhora de Oliveira. Era filha de Antônio Alvares Ferreira Cabral e Maria Francisca da Cunha, de Calambau (atual Presidente Bernardes). Há registros dos seguintes filhos desse casal nascidos em Senhora de Oliveira: Antão Glória Alfenas (1880), Rodolfo Alfenas Cabral (1886), Maria Gloria Alfenas (1890), Petrina Cabal Alfenas (25/05/1895) e Isabel Glória Alfenas (19/11/1897).

2 - Maria do Carmo Glória, ou Maria Glória Alfenas, nasceu por volta de 1864 em Senhora de Oliveira e casou-se em primeiras núpcias cerca de 1881 em Senhora de Oliveira com José do Carmo Monteiro e faleceu por volta de 1926 em Brás Pires. Temos conhecimento de informações sobre 5 filhos desse casal: Garcez Alfenas Monteiro (20/04/1890), Maria Virgem de Jesus (1895), Hercina Rosa de Jesus (1898), Deolinda Maria de Jesus e Francisco do Carmo Monteiro. A Maria da Glória casou-se em segundas núpcias em 28/02/1926 em Senhora de Oliveira com Manoel Velloso do Carmo, até então assinava Maria Glória Alfena. O seu segundo marido era filho de Antônio Velloso do Carmo e Marcelina Francisca Rosa.

3 Garcez Glória Alfenas nasceu por volta de 1867, provavelmente em Senhora de Oliveira e faleceu em 14 de julho de 1949 em Senhora de Oliveira. Casou-se com Adelina Maria da Encarnação, em 3 de maio de 1890[xxvii], no distrito de paz de Senhora de Oliveira, município de Piranga. Ela era filha de João Bonifácio Rodrigues Pereira e de Izabel Maria Januária, esta filha natural de Ana Carolina. (segundo a tradição oral o pai da Izabel seria o Padre Manoel Francisco do Carmo[xxviii], ou seja, avô da Adelina). Conhecemos os seguintes filhos desse casal: Zelina Glória Alfenas (1892); Maria Alfenas Electo (05/10/1893); Othorgamim Glória Alfenas (20/04/1896), Presciliana Alfenas (30/11/1898); José Alfenas (10/05/1901); Isabel Alfenas Vidigal (1904); Antônio Alfenas (16/08/1906); Edgard Alfenas (26/06/1909); Francisca Alfenas Silva (1912) e Aguimar (1914) que morreu com três anos (conforme registro de enterro da igreja, de número 63). Garcez Glória Alfenas casou-se em segunda núpcia com Ana Marques Faria, por volta de 1937, com quem teve mais um filho, em 1939, Fernando Marques Alfenas.

 4 – Antônio Glória Alfenas[xxix] nasceu em 09 de abril de 1869 em Senhora de Oliveira e faleceu provavelmente em 23 de setembro de 1923 em Padre Felisberto, Amparo da Serra. Casou-se em 14 de dezembro de 1895 em Teixeiras com Carlota Augusta de Souza, nascida em 20 de abril de 1869 em Guaraciaba, filha de Fernando Lopes da Cruz e Theresa Francisca de Souza. Tiveram 7 filhos todos nascidos em Teixeiras MG: Francisco Glória Alfenas (1896), João Glória Alfenas (08/03/1898), Theresa Margarida Alfenas (1900), Amantino Acácio Alfenas (1902), Liberaldino Alfenas da Liberdade (13/05/1904), Elzira Glória Alfenas (15/04/1912) e Osvaldo Glória Alfenas (15/04/1912).

5 – Romualdo Glória Alfenas. Não conhecemos a descendência desse filho de Elisiário e de Thereza Tranquilina.

6 – Silvério Glória Alfenas nasceu por volta de 1880 e faleceu em 25 de outubro de 1933 em Senhora de Oliveira. Casou-se em 4 de agosto de 1900 em Senhora de Oliveira com Miguelina Nogueira Horta, filha de Américo Goulart Horta e Ana Cândida Nogueira. Conhecemos os seguintes filhos desse casal: Onília Nogueira Alfenas (1906), Antônio de Assunção Alfenas (1908), Aristóteles Liberato Alfenas (1908), Ana Nogueira Alfenas (1913), Américo Honório Alfenas e José Pedro Alfenas.

 7 – Joaquim Romualdo Alfenas nasceu por volta de 1881 em Senhora de Oliveira. Casou-se em 20 de junho de 1931 com Francisca Baptista em Senhora de Oliveira, mas ele já era viúvo de Maria Alves. Essa Francisca era filha de Antônio Baptista e Francisca Pereira. Não há informações sobre os filhos de nenhum dos dois casamentos.

 8 – Ana Glória Alfenas, ou Ana Tranquilina do Amor Divino, como consta no seu casamento, nasceu cerca de 1873 em Senhora de Oliveira e faleceu cerca de 1916 em Teixeiras. Casou-se em 1898 em Senhora de Oliveira com Juscelino do Carmo Monteiro. Conhecemos apenas um filho desse casal: Salviano do Carmo Monteiro, nascido cerca de 1900.



Na página reproduzida à esquerda, encontra-se o esboço da partilha de bens da finada que são detalhadas em miudezas e grandezas ao logo inventário .

Capítulo 5 Hábitos dos antigos Alfenas

Podemos saber um pouco dos hábitos da família de Thereza porque naquele tempo Antônio Henriques Pereira tinha um armarinho no distrito da Oliveira onde vendia bagatelas, panos, produtos importados e diversas miudezas. Esta loja funcionou sob sua direção de 1860 a 1890. Três clientes com compras típicas são   da família Alfenas[xxx]. Nesse livro podem-se ver sinais de riquezas diferenciadas de algumas famílias da Oliveira, o que foge ao intento deste estudo.  O vendeiro era muito organizado, anotava a data da compra, o produto vendido, a quantidade e unidade de medida e quem fez a compra, para quem seria a encomenda, em muitos casos, para pessoas da família ou amigos.. Ali encontramos um rastro que leva a alguns costumes da família. Para se ter ideia do cenário, pode-se dizer que a fazenda de Santo Antônio da Graminha dista aproximadamente 7 quilômetros do arraial, um trajeto feito a cavalo ou a pé, bastante cansativo, isso fazia com que membros da família trouxessem encomendas para os outros ou até, como pode ser visto nas constantes anotações, para vizinhos e amigos. O vendeiro abria uma folha para cada freguês, num caderno com páginas sequenciais. Preenchida esta página frente e verso, ele abria outra mais para frente e copiava o saldo devedor e assim iniciava a nova folha. Os produtos mais consumidos pelos filhos de Thereza e pelos dois irmãos de Elisiário eram: rapé e vinho. Isso além de produtos mais caros, roupas importadas, etc. A loja costumava emprestar dinheiro para algumas despesas locais. Podem-se ver pagamentos ao padre para cobrir despesas de algum enterro. As compras iam de valores menores como $160 (cento e sessenta réis) por uma garrafa de cachaça, até 6$500 (Seis mil e quinhentos réis) por uma botina para senhoras.   Uma missa de corpo presente custava $480 (Quatrocentos e oitenta réis) com este dinheiro compravam-se 2 dúzias de pratos.

Uma visão parcial do consumo dos Alfena com base em algumas anotações efetuadas por Antônio Henriques Pereira:

Visão parcial pág 150 do livro de vendas do
Tenente Antônio Henriques Pereira, com 
compras de Thereza, em 1877

8 varas
[xxxi] de amorim; 81 côvados[xxxii]de  Chita; 29 lenços comuns,15; ¨6 garrafas de vinho; 6 lenços franceses fino; 4 peças de pano americano; 3 botinas; 8 lenços de seda; 3 côvados de casimira; 3 côvados de alpaca. 1 Chapéu de veludo; 5 botes de rapé; 14 cadernos de papel; 5 côvados de baeta; 8 rapaduras; 8 libras[xxxiii] de bacalhau; 1 corte de casimira; 3 alqueires[xxxiv], de milho; 3 rolos de fumo; 1 libra de sal a granel; 1 peça de chita fina; 1 quarteirão de cravo; 2 baixeiros de lã; Querosene 1 garrafa e 1 lata;1 cincerro;1 isqueiro com fuzil;

Como pagavam as contas:

As compras eram pagas em dinheiro, mas algumas vezes o devedor pagava com sua própria mercadoria como segue:

Deu por conta:  uma besta nova no valor de 176$000 (cento e setenta e seis mil réis); um cargueiro de aguardente no valor de 17$000 (dezessete mil réis); 1 rolo de fumo no valor de 14$000 (quatorze mil réis); a maioria dos pagamentos eram feitos mesmo em moeda corrente, o real daquele tempo)

Não há dados suficientes para afirmar ou negar que a lei do ventre livre (1871) ou mesmo a abolição da escravatura (1888) e a proclamação da república (1889) tenham afetado a vida dos Alfena da geração do Alferes Francisco de Paula Alfena. Embora tais eventos, profundamente transformadores da vida de todos os brasileiros da época, não prejudicaram muito os que viviam do trabalho do próprio suor. Outros moradores da região certamente sofreram grandes impactos como é o caso de dona Genoveva, que morava na fazenda do Felipe Alves, cujas atividades exigiam muitos escravos,  como se constata num negócio em que ela hipotecou 11 escravos como garantia de um empréstimo de quatro contos.   

 Índice onomástico

Pessoa

Local/ FS

No texto

Adelina Maria da Encarnação

 Senhora de Oliveira

 Capítulo 4

Agiomara Alfenas

 Senhora de oliveira

 Capítulo 3

Amantino Acácio Alfenas

 

 Capítulo 3

Américo Goulart Horta

 

 4.1

Américo Honório Alfenas

 

 4.1

Ana Cândida Nogueira

 

 4.1

Ana Maria Dias

Minas Gerais

 Capítulo 1

Ana Nogueira Alfenas

 

 4.1

Ana Rita de Cássia

 

 Capítulo 3 e nota de rodapé XX

Ana Glória Alfena

Viçosa/Teixeiras(1910)

 3.1

Antão Glória Alfenas

 

 4.1

Antenor Aristides de Magalhães

 Piranga

 3.1

Antônia Josefa Rodrigues

Portugal

 Capítulo 1

Antônio Alfenas

 Alto Rio Doce

 4.1

Antônio Alvares Ferreira Cabral

 Piranga

 4.1

Antônio Baptista

 

 4.1

Antônio de Assunção Alfenas

 

 4.1

Antônio Glória Alfenas

Viçosa (em 1910)

 3.1 e nota de rodapé XXIX

Antônio Pedro da Silva, Capitão


Capítulo 4 e nota de rodapé  XXVI

Antônio Henriques Pereira

GZ7L-P33 de SO*

 3.1

Antônio Velloso do Carmo

GGVG-QTS de S0*

 4.1

Aristides Magalhães

Santana do Piraguara 

 3.1

Aristóteles Liberato Alfenas

 

 4.1

Benjamim Glória Alfenas

GCSW-Y9M de SO*

 4.1

Camila Rosa de Jesus

 

 Capítulo 2

Carlota Augusta de Souza

 

 4.1

Cipriana Monteiro de Souza

Ouro Preto

 Capítulo 1

Cipriana Maria Mendes

Mãe de Fortunato e Justiniano

 Nota de rodapé XVIII

D. José I

Portugal

 Capítulo I

Deolinda Maria de Jesus

 

 4.1

Edgard Alfenas

 Senhora de Oliveira

 4.1

Elisiário Glória Alfenas

Fazenda Santo Antônio da Graminha

Capítulo 2 e diversas chamadas

Elzira Glória Alfenas

 

 4.1

Emerenciana Moreira Alfena

Dores do Turvo

 Capítulo 1

Fernando Lopes da Cruz

 Brás Pires

 4.1

Fortunato Moreira Alfena(s)

Conceição do Macabu RJ

 Capítulo  2 e Nota rodapé XIX

Francisca Alfenas Silva

 Senhora de OliveirA

 4.1

Francisca Baptista

 

 4.1

Francisca Pereira

 

 4.1

Francisco Albano Alfenas

G8ZX-BYX de SO*

 Capítulo 2

Francisco de Paula Alfena

Ouro Preto,/Dores do Turvo, Brás Pires

 Capítulo 1 e diversas chamadas

Francisco de Paula Monteiro

 

 Capitulo 2 e nota de rodapé XXV

Francisco do Carmo Monteiro

 

 4.1

Francisco Glória Alfenas

 Teixeiras MG

 4.1

Garcez Alfenas Monteiro

 Senhora de Oliveira

 4.1

Garcez Glória Alfenas

GWM9-CSY de SO*

 4.1

Hercina Rosa de Jesus

 

 4.1

Hipólita Ludovina de Santa Clara

 

 Capítulo 2

Isabel Alfenas Vidigal

 

 4.1

Isabel Glória Alfenas

 

 4.1

Izabel Maria Januária

 

 4.1

Joana Francisca de Paula

 

 Capítulo 2

João Bonifácio Rodrigues Pereira

GZYT-9CM de SO* 

 4.1

João Glória Alfenas

 

 4.1

Joaquim Glória Alfenas

G855-XWN de SO*

 3.1

Joaquim Romualdo Alfenas

 

 3.1

José Alfenas

Duca (Ouro Preto)

4.1 - 3

José do Carmo Monteiro

 

4 1 - 2

José Pedro Alfenas

 Senhora de Oliveira/Contagem

4.1 - 6 

José Velloso do Carmo

GZXC-V23 de SO*

3.1

Juscelino do Carmo Monteiro

 Viçosa (em 1910)

3.1

Justiniano Moreira Alfena

Conceição do Macabu RJ

Capítulo 2 e rodapé   XVIII e XIX

Leonel Pacífico Alfenas Dornellas

 

Capítulo 2

Liberaldino Alfenas da Liberdade

 Teixeira MG

 4.1 - 4

Manoel de Morais Sarmento

Minas Gerais

 Capítulo 1

Manoel de Sá Pereira

Portugal

 Capítulo 1

Manoel Francisco do Carmo

 Padre 

 4.1 - 3 rodapés VI e VII

Manoel Francisco Mendes

Ouro Preto

 Capítulo 1

Manoel José Monteiro

 

 Capítulo 2

Manoel Monteiro

 

 Capítulo 2

Manoel Moreira Alfena

Primeiro ‘Moreira Alfena’

 Capítulo 1

Manoel Velloso do Carmo

GD68-MLJ de SO*

 4.1 – 2 e rodapé XXV

Marcelina Francisca Rosa

 

 4.1 - 2

Maria Alfenas Electo

 

 4.1 - 3

Maria Alves

 

 4.1 - 7

Maria de Paula Nogueira

 

 Capítulo 2

Maria do Carmo Glória

 

 4.1 - 2

Maria Florinda do Carmo

 

 Capítulo 2

Maria Francisca da Cunha

 

 4.1 - 1

Maria Francisca Mendes.

 

Capítulo 1 

Maria Glória Alfenas

 

 4.1 - 2

Maria Rosa de Jesus

 

 Capítulo 2

Maria Virgem de Jesus

 

 4.1 - 2

Marquês de Pombal

Portugal

 Capítulo 1

Maximiano Moreira Alfena

Dores do Turvo

 Capítulo 2

Miguelina Nogueira Horta

 

 4.1 - 6

Nominato Alfena

 

 ?

Onília Nogueira Alfenas

 

 4.1 - 6

Osvaldo Glória Alfenas

 

 4.1 - 4

Othorgamim Glória Alfenas

 Senhora de Oliveira

 4.1 - 3

Petrina Cabral Alfenas

 

 4.1 - 1

Presciliana Alfenas (Peixe)

Belo Horizonte

 4.1 - 3

Rita Francisca dos Reis

 

 Capítulo  2

Rita Maria de Jesus

Minas Gerais

 Capítulo 1

Rodolfo Cabral Alfenas

 

 4.1 - 1

Romualdo Glória Alfenas

G85T-MQR de SO*

 4.1 - 5

Romualdo Lopes da Cruz

 

 Capítulo 2

Rosa de Lima e Silva

 

 Capítulo 2

Rosa Maria de Jesus

 

 Capítulo 2

Salviano do Carmo Monteiro

 

 4.1 - 8

Silvério Glória Alfenas


 4.1 - 6

Silvério Gomes Alfena

Dores do Turvo

 Capítulo 1

Silvério Virgulino Alfena

Graminha

 Capítulo 1

Tereza Maria de Jesus

 

 Capítulo 2

Theresa Alves Cabral

 

 4.1 - 1

Theresa Francisca de Souza

 

 4.1 - 4

Theresa Margarida Alfenas

 

 4.1 - 4

Thereza Tranquilina do Amor Divino

Fazenda Santo Antônio da Graminha

 Capítulo 2 e diversos

Umbelina Rosa de Jesus

Brasil/Brás Pires,/ Oliveira/Graminha

 Capítulo 2

Zelina Glória Alfenas

 Senhora de Oliveira

 4.1 - 3

Zozimo Peregrino Alfenas

 

 Capítulo 2

 * Marca os residentes em SO, citados neste texto, que constam da lista de eleitores de 1895 


Notas de rodapé

[i] Toponímico é uma palavra de origem grega que significa nome de lugares. A atribuição de sobrenome toponímico dá-se quando a pessoa adiciona o nome do lugar onde nasceu no seu sobrenome.

[ii] O nome Manoel Moreira Alfena é, provavelmente, decorrente do fato de que muitos pais daquela época darem aos filhos o sobrenome do local de origem, no caso, Freguesia de Alfena, no munícipio de Valongo, na região do Porto. Durante o século XVIII muitos dos portugueses que vieram para o Brasil acabavam por adicionar ao seu nome, o toponímico da sua origem.

[iii] As sesmarias eram extensas doações de terra concedidas pela coroa portuguesa durante o período colonial no Brasil, entre 1530 e 1822. As sesmarias eram o único meio de obtenção de terras, mas a venda do direito, embora não prevista, acontecia (Origem do ditado: no Brasil há leis que não pegam.

[iv] Livro de assentos de casamentos da paróquia Nossa Senhora da Conceição, Ouro Preto. O assento de casamento encontra-se disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:939J-DN95-6K?i=282

[v] Não há indícios de parentesco entre os Moreira Alfena(s) com os Martins Alfena(s) do Sul de Minas que fundaram ou deram origem ao nome da cidade Alfenas. Sabe-se que, em 8 de outubro de 1784, o Alferes José Martins Borralho obteve sesmaria, ao pé da Serra da Esperança, entre o Ribeirões Sapé e Águas Verdes. Em 1787, esta família já estava instalada na região quando, na Matriz de Cabo Verde, foi batizado Manuel, filho de Francisco Martins Barbosa e Ana Gertrudes de Oliveira.  Ali se estabeleceram. O sobrenome Borralho foi trocado por Alfena e deu origem aos irmãos Martins Alfenas (contudo alguns de seus descendentes adotaram o sobrenome de Borralho).  

[vi] Dores do Turvo era ainda um arraial em formação quando ali chegaram pois quando pensaram em construir uma capela em 1783. O município foi criando, assim como Senhora de Oliveira, em 12 de dezembro de 1953 e instalado em janeiro de 1954.

[vii] Maria Francisca Mendes faleceu em 01/10/1814 em Brás Pires. O seu inventário encontra-se na Casa Setecentista de Mariana, 1º Ofício, códice 114, auto 2352. Disponível em: https://casasetecentista.lampeh.ufv.br/visualizador?id=1049.

[viii] Francisco de Paula Alfenas, citado como Alferes em alguns textos, que era uma patente de suboficiais do exército durante o império do Brasil.

[ix] O inventário, cujo inventariante é Maximiano Moreira Alfena, encontra-se no Arquivo do fórum de Piranga, sob número A006, 90.

[x] Arquivo Eclesiástico de Mariana - Livro 23 - prateleira Y - folha 101 – Piranga.

[xi] Conforme processo matrimonial no Arquivo Eclesiástico de Mariana. Processo nº 126.636 – Armário 50 pasta 12.664.

[xiii] Conforme processo matrimonial no Arquivo Eclesiástico de Mariana – Processo nº 092509Armário 37, pasta 9251.

[xiv] rio Xopotó banha a Zona da Mata do estado de Minas Gerais. É um afluente  rio Piranga, este formador do rio Doce. Nasce na serra da Mantiqueira, no município de Desterro do Melo, a 1200 metros de altitude. Atravessa as cidades de  Desterro do MeloAlto Rio DoceCipotânea e Brás Pires. Sua foz no rio Piranga se localiza no município de Presidente Bernardes. Tem extensão de 62 km.

[xv] Em 1864 Silvério Virgulino Alfena comprou um escravo por 1:200$000 (Um conto e duzentos mil réis).

[xvi] No inventário aparece como Maria Rosa de Jesus, mas posteriormente irá assinar Maria do Carmo de Jesus.

[xvii] Esse Justiniano consta no inventário de Maria Francisca Mendes como sendo um liberto no batismo pelo padrinho Francisco de Paula Alfena. Justiniano aparece com o nome de Justiniano Moreira Alfena Mendes, como filho de Cipriana Maria Mendes (provável escrava na fazenda de seu padrinho). Para acessar  o processo  em  que  Fortunato e Justiniano reclamam parte da herança do pai CLIQUE AQUI.

[xviii] Fortunato Moreira Alfena, parece ser um filho natural de Cipriana Maria Mendes, Nascido no fogo de Francisco de Paula Alfenas. Justiniano e Fortunato mudaram-se para Cantagalo no Rio de Janeiro e Posteriormente para Conceição de Macabu onde há ruas com nomes de cidadãos ilustres da família Alfenas. Como por exemplo, rua Esmeralda Alfenas da Fonseca.

[xix] Livro de batismos da Paróquia de Piranga. Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/1:1:QL9M-T7Z2  Foram padrinhos: Francisco José Goulart e a sua futura sogra, Ana Rita de Cássia.

[xx] Nome com o qual aparece no inventário da mãe em 1857.

[xxi] Consta com a idade de 10 anos no inventário da mãe em 1857.

[xxii] Inventário de Thereza Tranquilina do Amor Divino, inventariante: Garcez Glória Alfenas. Arquivo do Fórum de Piranga. Caixa A293, ano 1910.

[xxiii] Através da tradição oral nos chegam muitas histórias sobre Elisiário, uma delas, a mais convincente, é de que a causa principal de sua loucura veio do remorso de ter sido o responsável por enviar um afilhado para a guerra do Paraguai, e que, com a morte daquele, sentiu-se culpado e remorso extremo ao perceber que a comadre, mãe do afilhado morto, também morrera de desgosto com o acontecido ao filho (créditos ao José Geraldo Alfenas, ao Roberto Silva Araújo e à Marília  Silva Araújo, respectivamente, bisneto, trineto e trineta). O que não se sabe ao certo é se a vítima da guerra teria sido um seu parente ou um escravo. Muitos trocavam a convocação de famílias pelo envio de um escravo em seu lugar.  Corrobora esta versão a coincidência entre a interdição de Elisiário, 1869, e o final da guerra que ocorreu entre 1864 e 1870, Outros casos em resumo são: certo dia Elisiário viu alguns porcos caminhando no quintal, correu atrás deles para matá-los com uma foice dizendo que estavam possuídos; noutro episódio pegou uma espingarda de sua propriedade e deu para um menino de engenho dizendo que ele podia matar quem quisesse; em domingo ensolarado, recebeu a visita de um homem doido varrido e ambos resolveram lavar o sobrado da fazenda Graminha. Durante a limpeza o doido varrido encontrou um pilão pelo caminho da vassoura e resolveu colocá-lo na soleira da janela, o pilão balançava ao sabor dos ventos, com risco de despencar de grande altura sobre alguns serviçais tiravam, dizem que nesse dia Elisiário teve medo do amigo (Crédito a Juca Paiva).   À medida que se acumulavam esta falta de senso, os da casa se preocupavam cada vez mais com a segurança do doente e dos demais familiares.  Thereza então pediu a um amigo que a ajudasse a relatar os fatos ao juízo de Piranga que o declarou incapaz e interditado, nomeando Thereza como sua curadora. Para acessar os autos da interdição, clique aqui,

[xxiv] Conforme p(13) do inventário digitalizado: “interdição requerida por Francisco de Paula Monteiro, em agosto de 1869, nomeada sua mulher Thereza como sua curadora.

[xxv] Há fortes indícios de que sua irmã Florinda e o marido dela, Francisco Albano Alfenas, também irmão do Elisiário, a tenham ajudado na criação dos filhos e nas tarefas domésticas. Pode-se notar pelo livro de vendas de Antônio Henrique que eles faziam compras como se fossem uma só família, Garcez e Benjamim, ainda crianças, compravam tanto na conta de Theresa quanto na de Francisco Albano (páginas 110,150 e 194 do referido livro).

[xxvi] Em 24 de Janeiro de 1911 foi nomeado curador do interditado, Elisiário Gloria Alfenas, o Capitão Antônio Pedro da Silva  para que durante todo o processo ele requisitasse tudo que fosse em  benefício do interditado (página 16 do processo digitalizado).

[xxvii] Neste casamento esteve presente o presumível avô dela, o Padre Manoel Francisco do Carmo.

[xxviii] Os indícios de que o padre Manoel seja de fato pai da Izabel vem de documentos eclesiásticos, onde se registra a sua presença no batizado e no casamento da neta, Adelina Maria da Encarnação que se casou com Garcez Glória Alfenas. Adelina foi batizada em 21/01/1875 na ermida da fazenda do Tenente Felipe Alves, sendo seus padrinhos o padre Manoel Francisco do Carmo e Claudina Guimarães. Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-65L9-5Y9.

[xxix] Os descendentes de Antônio Glória Alfenas concentraram-se, principalmente, em Teixeira MG.

[xxx] Dos Alfenas daquele tempo, encontramos anotações de compras das seguintes pessoas:  Thereza Tranquilina do Amor Divino; Francisco Albano Alfena e Silvério Virgulino Alfena, ambos irmãos de Elisiário; não foi possível identificar se residiam na mesma casa, o que é bem possível, porque o nome das pessoas que buscavam ou assumiam as compras muitas vezes eram coincidentes. 

[xxxi] Vara equivale a 1,1 metros.

[xxxii] Côvado equivale a 0,68 metros.

[xxxiii] Libra equivale a 458,9568 gramas.

[xxxiv] Um alqueire de milho equivale a 30,225 kg, mas esta medida podia variar segundo o grão medido.

 

15 comentários:

  1. Eliana Silva Araújo Kleppe30 de julho de 2024 às 11:59

    Uau! Li tudo e gostei! Minha avó era Zelina Alfenas...casada com João Camilo Milagres

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  2. Meu avô, Jovelino Francisco Vieria

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  3. Parabéns pela pesquisa e riqueza de detalhes.

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  4. Maria Angèlica de Salles Dias30 de julho de 2024 às 12:03

    que bacana

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  5. Registro aqui meus agradecimentos ao irmão e aos primos que me ajudaram a compor a nota de rodapé XXIII que fala de remorso e tristeza de meu bisavô, Elisiário Glória Alfenas.

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  6. Meus parabéns Lulu, Rosália e Rosali pelo texto muito bem escrito e rico em informações. Imagino o trabalho que vocês tiveram para resumir essa longa história.

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  7. Lulu, qual é a origem da linhagem dos Alfenas do Córrego dos Alfenas em Ubá, MG (vereadora Rosângela Alfenas etc) e de Rio Casca, MG (Divino do Espirito Santo, que foi criado por um tio)

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    1. Acelino, não encontrei grandes coisas sobre a origem mais remota do Divino do Espírito Santo. O filho dele, Totoni, gentilmente me passou algumas informações: o pai do Divino é o Francisco Procópio e a mai Maria Monteiro de Jesus. Divino foi batizado em Senhora de Oliveira.

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  8. Acelino, não sabemos nada dessa linhagem dos Alfenas da região de Ubá, podem ser descendentes do Romualdo Glória Alfenas. Não encontramos nada dele, por enquanto.

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  9. Em pesquisa de profundidade, Rosalin Henriques pesquisou sobre a paternidade de Fortunato Moreira Alfena e Justiniano Moreira Alfena o que nos levou a acrescentar às notas de rodapé XVII um link em que ambos, em processo único, reclamam parte da herança de Elisiário Glória Alfena.
    A autora acrescentou também ao rodapé XXIII um importante link que esclarece os motivos que levaram o Juízo de Orphãos de Piranga a interditar o senhor Elisário Glória Alfena.

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